segunda-feira, 18 de julho de 2011

Outono...


“Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. (...) 
                             É aceitar doer inteiro até florir de novo” (Caio. Fernando Abreu)

Deixei-me desabrochar assim em ar convidativo, mas era uma urgência que me letrava, que me pautava, e me beijava em rimas, em prosas e desafiava-me a abrir as cortinas e lançar fora toda a poeira de dor que insistia em permanecer por ali, mofando. E não abri mão. Deixei-me ir.
Por vezes percebo que essa estação é uma alavanca em minha vida. Digamos que uma válvula de escape. Porque tem coisas minha gente que é preciso retirar, arrancar do peito se for preciso. E mesmo que o Outono seja uma etapa de perdas. Sei que o “arrancar” do peito também é uma “perda”, é uma entrega: é libertar-se. É arejar, tirar as névoas, afastar os móveis e ir bordando noutros lençóis, noutras telas, noutros jardins. 
Minh´alma se iguala. E é dedilhada pelas notas dessa estação, como um ar fresco exalado dos lábios de Deus. Talvez, necessitamos que as coisas tomem seu curso, deixem ir. Sabe-se lá, também, que as folhas das árvores são assim, elas precisam cair, secar, para reviverem na estação recém-chegada. 
Por ventura se essa “gestação” não fosse cumprida, as folhas se alto abortariam antes de recém-nascerem e morreriam sufocadas, pisoteadas. 
E ele chegou bonito, escancarando adentro, rompendo em meu coração toda dor e lágrima que me oprimia. Por hora, decidi desprender de certas pessoas, coisas e recolhi os meus sonhos, minhas pétalas. Porque sei que há de ter um sopro, um suspiro, que pode até doer, mas me fará tecer por um fio; a mesma flor que Ele trouxe pra mais perto.


Fernanda F. Fraga


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Personare

Seguidores