Eu sinto um medo de ser bruma, de ser pluma, de ser leve e ser levada. Eu tenho medo, mas não aquele medo que domina, que impede, que seqüestra; é o medo pelo seu melhor lado, do seu melhor jeito. Um medo que traz implícito as borboletas para dentro do estômago, junto com a quase certeza de que voar é bom. Sim, eu quero ser levada. Eu quero descobrir o jeito certo de existir, e o modo exato para ouvir os pensamentos que ainda têm um bocado de você.
Tentei equilibrar as lágrimas, mas elas pesaram e caíram até virar palavra. Cansei de mal-me-quer, de levar o caos no peito, e de sentir falta de tudo o que eu não vi, vivi ou conheci. Tenho saudade de tudo o que eu teria visto, vivido e conhecido se eu não estivesse aqui, esperando por você, por um momento, por uma vida, por enquanto.
Eu queria me engolir para ver se me caibo, se me encaixo, se me paro aqui dentro, dentro de mim. E eu, que nunca me fui tanto, não me sou agora e talvez volte a ser; não por muito tempo, mas talvez pra sempre. Eu não sou mais a mesma, assim como ninguém o é depois de ter amado. Mas, eu não quero precisar de alguém para me lembrar sobre quem sou. Quero ter a minha própria noção de mim.
Gabriela Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário