Que na cabeceira desta noite que espargiu preguiçosa para abrigar todos os cansaços, evidenciando os passos apressados dos sapatos com seus desamarrados cadarços, exista um travesseiro de nuvem em que possamos repousar nossa Consciência e que nela venha junto a tranquilidade. Podemos resgatar coisas, reparar erros, repensar comportamentos, mudar o momento de sentimento. Podemos transmutar nossas mágoas, desabrigar nossa raiva, fazer as pazes com o tempo. Mas somos impotentes perante o Outro, às suas escolhas, aos seus valores, às suas máscaras sociais onde também não nos cabe o julgamento. Ser humano não é ser apenas poeira de estrela, entulho de sentimentos, emoções, brincadeiras. Ser humano não é só sofrer pra acender uma brasa numa vida morna e abraçar a emoção despertada como sua única alternativa, a imediata. Ser humano é um amontoado de crenças, passado, erros, perdas, ganhos, paixões, urgências, traumas, negações, aprendizados, instantes incríveis ou maus bocados. Ser humano é ser forte, frágil, procurar um atalho, buscar o caminho mais fácil, tentar se “dar bem” ou tentar crescer sem fazer mal a ninguém. Ser humano é ser autopiedoso ou arrogante. Humildemente brilhante. Estável, teimoso ou errante. O ser humano é, paradoxalmente, previsível, amoroso, carente, vaidoso, sedutor, inconstante. Mas o ser humano será sempre, para mim, fascinante.
Desejo Boas Notícias e agradeço por mais um dia (vindo como foi... ou como foice).
Marla de Queiroz
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