quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Raiva...


Ah, deixe-me reclamar um pouco de tudo e querer coisas absurdas como alfabetizar o sol! Eu sei quão bela é a vida, sei que as coisas que não são fáceis muito menos simples. Mas quero berrar minhas angústias até fazer as pazes com meu silêncio novamente.
Ah, deixe-me experimentar essa ira e dar socos no ar até trincar o vento que vem de encontro aos meus passos dando mais peso e lentidão a minha caminhada. Meu grito ou choro não é falta de esperança, é um respeito profundo por mim quando me sinto fragilizada. Se estou dramática, ainda não cheguei aonde quero: quero ser trágica!
A inquietação tamanha desses dias todos me arrasta para praia com papel, caneta e uma raiva enorme de tudo. Chego arrastando a cadeira, entediada e sinto o mar mais violento que eu, me redimindo. Tão agressivo, é capaz de engolir um corpo, uma gaivota e de cuspir cristais de sal na brisa doce. (Por que eu deveria estar mais calma que ele?) Fiquei foi com inveja do seu poder de arrebentar tudo com tamanha simplicidade e destreza. E de cuspir o lixo acumulado deixando na areia um retrato dos maus-tratos: restos de plástico, pombos e moscas sobrevoando a podridão. Porque, assim como ele, eu não engulo sapatos.
No meio de toda raiva sendo expulsa, pensei por que não se pode ser autobiográfica ou agressiva sem pedir desculpas com tanta antecedência. Quero só olhar, sem observar, sem absorver. Quero dizer sem atribuir juízos de valor, só pra desabafar. Quero poder sentir essa raiva sem ter que lidar com a indignação de quem me quer doce e positiva sempre porque se acostumou. E depois, quando a raiva for embora, não pretendo me resgatar, mas me reinventar e ficar o tempo que for necessário me redescobrindo...
Não me venha com frases de “fique em paz”, neste momento estou na profundidade da raiva e sentindo isso por todos os meus poros, não quero conselhos amorosos ou delicados, quero o direito de também esbravejar...
Não quero que me roubem um segundo dessa fase, desse instinto primitivo, ele é precioso. A paz eu conheço e ela não está ausente, só quero experimentar até aonde meu ser alcança a totalidade. Eu quero estar plena de todas as emoções pra que elas não me governem, mas passem por mim. Quero me permitir cada segundo dessa sensação, porque eu a sei tão transitória quanto o maior dos mais definitivos amores. E se ainda assim quiser deixar o seu rastro, me fale de tua dor, tua alegria, tua conquista, tua pendência, teus planos, tua raiva, me conte uma mania tua, compartilhe tuas belezas comigo para que eu possa aprender com elas.
E me deseje inspiração... A única coisa que quando falta me tira a paz.

By Flor


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