Vida, me transporte para longe de mim, para bem longe dessa coisa a que chamam de amor. Eu caí de novo.
Vida, me distancie de minhas impressões doloridas, dos meus modos desmoldados, de minhas exaustões sentimentais, das vivências que não me podam.
Eu preciso ficar longe de mim para não sofrer tanto, não sentir dores perpassando meu rosto por entre lágrimas que sequer há sentido de serem derramadas com tanta força.
Vida, deixe os meus dedos quietos, sem que cuspam tantas palavras. Traz a serenidade, simplesmente, e afasta o que é intenso, o que arranca os meus bocados. Ando desprovida de tudo.
Me ensine, vida. Deixa-me ensaiar antes para que não condene os meus suspiros embriagados. Faz um filme meu e me deixa quietinha, sentada, assistindo.
Minha verdade de grande choque é quando silencio e sinto. Quando eu não resisto e me entrego. Quando calo a voz e abraço. Um abraço amontoado de versos pincelados por um afetuoso aperto. Aperto de corpo. O que me assusta é que eu engulo as suas nuances, vida, e ando doida por acumular tanta loucura. Mas não é preciso tirar de mim o inesperado. Gosto quando o impacto vem rompendo toda e qualquer quietude. Gosto quando me surpreende, vida.
Vida, traz o meu amor. O sentimento que provoca fortes pulsações aqui do lado de dentro nunca se esgota. O tempo passa, sigo querendo, mas vou relutando. Vai, vida, faz com que o meu amor beije as minhas maçãs daquele modo de novo. Se não quiser, tudo bem. Só, pelo menos, abrigue os meus ardores, resguarde as minhas vontades e me leve pra longe. Protege do frio as minhas fraquezas, e deslize calmamente me abandonando em algum lugar que seja bem distante de mim.
Maiádila Alice Melo
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