sábado, 29 de março de 2008

Recomeçar...



"E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói."


Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 27 de março de 2008

Aconteceu com a gente...



Sobras de minha existência pela casa, escondidas para não irritar a nova mocinha. Meu pijama sufocado num canto da gaveta para que nenhuma lembrança respire. Meus chinelos abduzidos no meio da "sapataiada", tão pequenos que quase inexistem ou poderiam passar tranqüilamente por pares de criança. Fotos, milhares delas, guardadas sem carinho, uma preguiça triste de arrumá-las em álbuns. Estão lá, paralisadas em momentos felizes, tradutoras de uma vida que quase foi, trancadas porque o que quase foi não pode atrapalhar o que ainda pode ser. Talvez um fio de cabelo, o último deles, esteja nesse momento sendo varrido e levado pelo vento forte e solitário que não deixa dúvidas que o inverno chegou. Inverno que era sempre comemorado porque eu sabia que ele não sentiria tanto calor para dormir e eu poderia ser abraçada de conchinha o tanto que desejasse.
Saudade não é ex, tampouco amor. Mas a vida da qual abrimos mão por um sonho (ou por um erro) é passado. E de escolhas e de perdas é feita a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. Da vida que te desemprega mesmo depois de tantas noites em claro e de tantos beirutes indigestos. Da vida que te abre uma porta que você jura ser a certa mas quando resolve entrar descobre uma desilusão e outra mulher esperando no quarto. Da vida que te confunde tanto que você quer se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te dá um tapa na cara pra você acordar e não tem ninguém pra cuidar do machucado e dizer que vai ficar tudo bem. Da vida que te engana. Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo.
Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ele, que mesmo depois de ter conhecido homens que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não tinham uma mania insuportável de não conseguir tomar decisões sozinhos, não amavam os amigos acima de tudo, não catarrava na rua, não cantavam tão mal e não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu estava falando, não ligavam se eu confundisse nomes de comidas, nomes de capitais, movimentos artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ele que eu amava, era ele que eu queria. E ele me diria que, mesmo depois de ter conhecido mulheres que conheciam a Europa e não entupiam o ralo com cabelos, mulheres que tinham nascido em bairros nobres e charmosos de São Paulo, mulheres que arrumavam a cama e não demoravam tanto para sentir prazer, não entravam de sapato no carpete, não tinham os dentes da monica, não eram tão assustadas, não brigavam por causa de motos, não reclamavam do ar-condicionado e nem tinham medo de perder a mãe ou transtornos obsessivos compulsivos, era eu que ele amava, era eu que ele queria. Mas a realidade é que não gostamos desses tipos de filmes fracos com final feliz, gostamos dos europeus, onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu com a gente...


By Flor...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Feitas as contas, o que sobrou?

Com o tempo e a experiência pessoal agregamos ao nosso corpo rugas, dói aqui, outro dia acolá... E, sua perspectiva fica diminuída a cada ano que passa o espelho não mente.
Contudo, se prestarmos atenção aos olhos, à alma se traduz em sinceridade, serenidade em grandes paixões que não se contém mais ou naquelas que não daríamos um passo sequer para que acontecesse, passa como um pensamento fútil, inútil.
A experiência conduz o corpo a regras bem simples, você acostumou-o a grandes emoções então, o coração acelera com o passar de um passarinho colorido, pulsa e quer sair do peito quando vê um lindo pôr-do-sol ou quando pára serenamente a admirar a lua, seu contorno e tudo o que ela ilumina ao seu redor, não precisa de luz... Quanto menos luz mais ela se mostra, nada modesta, e o brilho que reflete no mar parecem uma festa!
A alma passa a ser nova de novo, experiente e paciente... Observa mais do que fala. Fala mais do que pode ou deveria... Em certos momentos se retrai e repensa. O olhar parece distante, olha o passado vê o presente e sonha o futuro... Faz planos, comete enganos e reinicia seu dia-a dia, com milhões de perspectivas vê o amanhã por detrás da janela...está ali, diante dos seus olhos...calmo, envolvente e de libertação da alma.
O espírito aprendeu a se dominar, aprende uma lição a cada atenção que ela lhe dá.
Muda a paisagem, sabe identificar o que vem de passagem e distinguir o que passa o que o tempo leva, fica o espaço, seu espaço único e individual, indivisível, mas que se multiplica e agrega conhecimento, é o que tem.

Feitas as contas, o que sobrou? O resto... Bom, e o resto é sempre o resto.


By Flor

terça-feira, 18 de março de 2008

Cada passo a seu tempo...



Não posso me deixar abalar porque minha maior força está em mim mesma. Mesmo triste ou magoada tento tirar proveito desses sentimentos, para alguma coisa eles valeram... E vou me enriquecendo de novas experiências...
Mesmo que não seja o final que desejamos agora (no presente), com certeza depois nos daremos conta que foi melhor para nós...
Sempre fazemos coisas achando ou querendo que tudo gire ao nosso redor mas Deus sempre nos dá aquilo que precisamos e sempre entendemos o que ele dá quando nos entregamos ao seu amor...
Seja pelo bem, pelo mal, por amor ou pela dor e Ele com sua misericórdia sempre nos acolhe, independente de quantas vezes foi abandonado...

E vou seguindo assim, cada passo a seu tempo!


By Flor

terça-feira, 11 de março de 2008

Decepções...




"Todos nós temos duas vidas, a que vivemos e a que sonhamos..."

Algumas vezes sabemos que nossos pés nos levam por caminhos sem volta, sabemos que estamos caminhando para o precipício, mas não conseguimos parar de olhar para o outro lado do abismo pensando que de alguma maneira chegaremos lá.
Envolvidos com a beleza, pelo encanto daqueles que conseguiram ver o milagre da vida, esse milagre que acontece quando realizamos os sonhos, muitas vezes sem saber por que acontece com um e não com outro. Não se trata de merecimento, mas de ocasião, ou se alguém quiser crer nisso pode ser o destino, ou algo como uma benção divina. Porém, sempre chega à hora da despedida, despedida dos sonhos, despedida da vida, das pessoas, despedida dos momentos, que sempre se perdem, dos amores, das dores, das alegrias e das tristezas.
Quando algo maravilhoso acontece, sempre desejamos eternizar aquele instante, tentamos vivê-lo de forma a torná-lo um pouco mais presente, um minuto a mais do que é possível, mas a verdade é que naquele exato instante ainda não temos a consciência da sua grandeza, só temos a compreensão disso quando não se pode mais viver a emoção. Mas é a sensação de perder que faz o momento ser eterno, algo que não voltará mais...
Memórias póstumas de um amor impossível, de uma vida sonhada, de uma mentira deslavada, de um engano, desencontro de você, de mim, de um homem que queria ser mais, mais do que o tudo que era pra mim, queria ser mais do que a verdade do seu ser, queria mais que a simplicidade inigualável da vida... Talvez um dia esse homem admita pra mim, e pra si próprio que trocou tudo por nada... Pensando ter escolhido a vaidade, a fama, o poder, o dinheiro na forma camuflada de um cordeiro.
Homens que querem sempre mais esquecem de olhar para perto, esquecem o que já conquistaram, e deixam de cuidar do que lhes pertence para desejar o que é do outro... Até encontrarem o fim.
Prefiro agora ficar com meus pensamentos, sonho com a vida, me esqueço de viver, as palavras perderam o sentido, sinto um cansaço de todas as coisas, ouço o silêncio dos meus pensamentos... Mas queria mesmo ouvir nossa música e voltar a acreditar naquelas palavras. Agora seus olhos não me dizem nada, suas mãos já não podem mais me tocar, seu silêncio deixou de ser o melhor, seu silêncio me tortura e meu coração foge de tudo que me traga você, para não encontrar a solidão.


By Flor

segunda-feira, 10 de março de 2008

Legião de dor...



O sol tocando o horizonte, vem trazendo em mim coisas que há muito tempo não sentia, é uma nostálgica esperar o que tenho por entre a fraca respiração que me condena, só de pensar já não quero tanto mais lembrar, da solidão que existe aqui, da duvida em saber onde você está, além de dentro de mim.
Quando dou as costas pra essas lembranças, minha sombra na areia não me faz esquecer que o mesmo sol ainda me olha por trás, é inútil esperar que ele se vá, me entregar é a soma de todas as fraquezas, pois a vida continua e já que não te tenho aqui comigo, nada posso fazer, a não ser cuidar de mim, ser feliz ao menos, planejar de novo e dessa vez não ter a inocência de querer apenas ficar bem, bem contigo, comigo e com tudo.
Eu chuto a areia e o vento frio cheio de sal quer me queimar, arrepiar os fios desse martírio. Ainda caminho sentindo o que restou das ondas nos meus pés, deixando que ao voltar elas levem o que restou de mim no chão, cada caco, pedaço, se desfazendo por entre os grãos e a espuma daquela água que também nos molhou quando estávamos parados ali no canto, nosso canto, aquela pedra, o que me resta, sentir sozinha tudo aquilo que eu não soube conquistar. Será que eu sou capaz de me livrar da insegurança, libertar-me de querer demais, com teu amor só queria que eu sentisse dor, veja bem no que me torno, olhe bem quem eu sou.
Quero rasgar-me e ver o sangue manchar toda a pureza, que existe nos teus olhos, como na musica revoltada que me descreve agora, quero tocar os teus cabelos, sem que você perceba, sentir a morte mais presente, sem que se quer esteja. Quero olhar-te saindo a porta, sem que eu ordene, ou sem que eu erre, quero ouvir o telefone tocar e não esperar que seja pra mim, mais uma vez, eu sei, quero estar aqui quieta enquanto minha alma grita aprisionada pelo que seca a minha voz, pelo que mata a esperança. Deitar-me em meus lençóis sem te sentir, deixar a janela aberta e ainda não te ouvir chegar, como toda a brisa dessas noites eternas e vazias que me fazem companhia.
E vou no fim acreditar por assim dizer, que sempre existe um caminho, uma luz, ainda que não me convença de mim mesmo, vou esperar que a tristeza passe, que a tarde dure menos, pra que quando a noite cair sobre mim, minhas lágrimas já não sejam contáveis nessa hora, então terei a chance de contar estrelas, fingindo estar bem, vendo a leveza do que me rodeia em busca do sono, porque amanhã será diferente, será outro dia e isso vai passar como tudo por nós passou, como tudo que me torna o que sou, sendo como o nada, só mais uma mulher com seu sorriso sem graça, sem entender o que sente, que só daria o necessário, e que busca todo aquele que se aquieta e diz a vida, “não me dê atenção, mas obrigada por pensar em mim”.
Então na madrugada enquanto chove, eu vou ligar meu velho rádio sem freqüência e me perder nas estações, sejam elas quantas forem, no entanto quando o cansaço me propuser um acordo e eu meramente fraca, aceitar, ainda saberei ouvir o que tocar, aquelas palavras melancólicas e frágeis que cantarei junto, enquanto choro.

“Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz, quando tudo está perdido, sempre existe um caminho, quando tudo está perdido eu me sinto tão sozinha, quando tudo está perdido, não quero mais ser quem eu sou, mas não me diga isso, não me de atenção e obrigada por pensar em mim”

Contudo quero pouco, só sonhar, sorrir e te ver como antes, te ver voar.

Joeder Blanca



Texto que combina demais comigo...


sexta-feira, 7 de março de 2008

Essa perseguição vai acabar...



Pra que falar se você realmente não me dá valor?
Pra que dizer coisas de maneira severas se você não se importa comigo?
Coisas que me deixam pensando por que faz isso, por que me deixa assim, triste e desesperada. Presa a esse sentimento fico na escuridão sem ter caminho e luz, cada momento de minha vida se torna uma perdição, um pecado original, um transtorno que me desespera, me enlouquece.
Mas quando paro para pensar e caio na real, vejo que não deveria ser assim, mas acontece, já nem sei mais a explicação para isso, mas queria ter alguma maneira de me libertar. Uma corrente me prende e machuca, me feri e me deixa com marcas que quando lembro choro, sinto vontade de me matar, talvez um fim sangrento, que me consome, mas vejo que não se deve encarar a vida assim, sendo sérios problemas ou não, tenho que ter a cabeça erguida, e principalmente me deixar lúcida para tomar decisões certas.
Não quero mais essa perseguição, você virou minha sombra, sombria e tenebrosa onde me faz ter raiva de mim mesma, pois não queria sentir essa dor, que é como se fosse um punhal enfiado em meu peito, em meu coração que não sai, que cada dia que passa aumenta a hemorragia onde a dor continua, o único jeito de sarar é ter você ou não me fazer acreditar e não te querer, mas quando meus olhos alcançam os teus a vontade que eu sinto é de querer, querer... Mas isso parece cada vez mais impossível, perseguida estou por não te ter, por não ter esse amor, te encontro no lugar sem luz, onde o que destaca é o brilho do seu olhar e seu sorriso...
Nem tudo é como queremos, a única coisa a fazer agora é relevar até que um dia quem sabe sem querer isso acabe... Que essa perseguição caia em meio ao vão, que seja no presente ou no futuro, mais vai acabar, não sei como, mas vai, seja feliz, ou seja em tragédia, mas vai ter o fim, porque tudo que tem começo sempre que passamos a página de nossa vida há um fim.


By Flor

quarta-feira, 5 de março de 2008

Dói mais é verdade...


"Minha razão resolveu se manifestar, ela veio até mim e falou:
Ele não é apaixonado por você, e ele não tem culpa disso.
Simples.
Sabe aquele cara que te dar maior mole e você não tá nem aí?!
Pronto, agora você entende como é.
Ele não tem culpa por não corresponder na mesma proporção o seu sentimento.
Ninguém é obrigado a gostar de ninguém.
Quantas e quantas vezes você já não falou para si mesmo "eu queria mandar em meu coração".
Pronto agora imagine que ele passa pela mesma situação.
Até que ele queria sentir o mesmo, doar-se do mesmo tanto, mas pela lógica da vida ninguém controla os sentimentos.
Ele não vai pedir pra namorar com você, ele não vai deixar de gostar dela.
Agora você me diz, "e agora, josé?".
Não adianta eu chegar e dizer "esqueça-o", isso não existe.
Existem pessoas que chegam se achando as donas da verdade e lançam essa frase rídicula: -Você é muito idiota por gostar desse cara.
-Porra, você acha que eu não esqueço por charme?! É lógico que eu quero esquecer, ou você acha que eu gosto de chorar por que é bonito?!
Um dia inventaram de fabricar a esperança, pronto, desde esse dia tudo começou a desandar.
Você acredita fielmente que ele vai largar tudo e se arrepender de ter feito você sofrer.
Acredita que no fundo ele gosta é de você, que aquele sorriso simples significou algo mais, ou que um dia ele vai perceber que você é a mulher da vida dele.
Desculpe, mas isso não vai acontecer.
Fria? Não, eu sou realista! É tudo uma questão de lógica.
Ele é apaixonado por outra, simples...um dia quando ele esquecer a doninha lá, quem sabe néh?
Mas por tempo, acostume-se.
Ele vai continuar a gostar de você como amiga, a te admirar como pessoa e ter um enorme carinho e PONTO.
Não sonhe com flores, nem com alianças de ouro, muito menos vá idealizando os convites do casamento.
Aceitar isso já tá de bom tamanho, quanto ao esquecer, deixa que o tempo resolve.
Uma hora quando você menos esperar vai ver que se desprendeu daquele por quem você tinha tanto amor, e vai perceber que o seu sentimento foi lindo.
Ele não teve culpa, e nem você.
O processo até à liberdade é duro, e em nenhum momento eu disse que seria fácil.
Aceite, acorde...
Se não foi ele, vai ser outro...e se não for o outro, vai ser outro e outro...
Nascemos para amar...muito, sempre!
Se um amor acaba, nosso coração se molda para outro...e assim sucessivamente.
Somos movidos pelo amor, e não é porque alguém não sabe te amar que o mundo deve desmoronar....existem várias formas de amor, e o amor em si já é tudo.
Tente esquecê-lo, tente, mas não se culpe por ainda não conseguir...tem coisas que não cabe a nós. Uma hora tudo se ajeita.
Ele não era obrigado a te amar, ele não era obrigado a ligar no dia seguinte, ele não era o cara certo...e nem por isso ele deixou de ser especial em sua vida, nem por isso ele deixou de gostar de você na medida que ele pode.
Enquanto sua liberdade sentimental dele não chega, vai aproveitando a vida, evitando chorar, e aceitando de uma vez por todas que sentimentos não se controlam, que uma pessoa ama outra por amar e não por obrigação. Aceite que as vezes as cosias não são como a gente sonha e que aquela pessoa talvez não valha tanto a pena.
Deixa acontecer."


Hosana Lemos

terça-feira, 4 de março de 2008

Deixe-me...

Vou te pedir um favor! Não um desses favores que pedimos a qualquer um... Um favor de amigo, um favor de respeito ... POR FAVOR, não me procure mais... Deixe-me quieta, no meu canto, recolhida, retraída, mergulhada nas minhas mágoas. E me faça um favor maior ainda, se eu te procurar se por acaso eu "me oferecer" a você, me dispense, seja seco, fale em alto e bom tom: Você que me pediu assim porque estava te fazendo mal e infeliz...
Eu já te procurei várias vezes, já me coloquei presente na sua vida, porém, não é isso mais que busco pra mim. É muito difícil, mas prefiro me afastar de você, por mais que eu te olhe e sinta saudades dos seus beijos, do seu toque, o melhor mesmo é à distância. Ao menos não ficarei triste no "depois", não ficarei me sentindo enganada...
Sei lá... Na verdade, não sei mesmo... Não me sinto qualquer, porque sei que não sou isso pra você, não me sinto usada ou coisa do tipo, mas acho que fico me sentindo uma iludida... Isso, uma iludida! Porque é isso que sou, uma iludida que alimenta esperanças e expectativas em relação a você, a nós... Uma iludida porque sei bem que você nunca vai ter coragem o suficiente para assumir algo de verdade e mesmo assim tenta, sonha...
Talvez não tenha coragem porque é um medroso mesmo ou porque simplesmente não sou o "tipo" de mulher que você quer ao seu lado... Então, já que não dá pra SER de verdade, já que não poderemos ser MAIS do que isto, já que tudo é tão superficial e não profundo tão supérfluo e não importante melhor que não seja de forma alguma e que acabe assim.

POR FAVOR: Deixe-me!

By Flor

segunda-feira, 3 de março de 2008

Atolada no passado...



Tempos de definição são difíceis. Exigem de nós energia que por vezes não temos-- não é todo dia que queremos lutar contra sentimentos díspares, complicados; que desejamos nos perguntar se realmente o amor acabou, se o que sobrou foi só carinho e preocupação ou se ainda existe um resquício mínimo que guarda em si a possibilidade do renascimento. Não é todo dia que temos fôlego para questionar o que fizemos de nossa vida até aqui e qual o rumo que realmente queremos dar a ela. Cansa. Exaure.
Separar-se de alguém que se amou demais é experienciar uma cisão que muda toda uma maneira de ver o mundo: lá se vai a crença de um amor que resiste a tudo e fica um gosto estranho de fracasso, como se as emoções, e as pessoas, pudessem ser avaliadas em termos tão maniqueístas. Separar-se de alguém que se amou demais é, antes de mais nada, triste. Mas tristezas, por mais fundas que sejam, passam. Desde que não as alimentemos. A forma mais comum de alimentá-las é insistir em um contato nocivo por nos trazer alento, um tanto duvidoso, mas um alento: a voz conhecida, as palavras um dia tão queridas, o choro que sabemos como estancar, a risada que nos lembra dias mais ensolarados (nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro). Alimentá-la é achar que isso pode, em algum nível, fazer bem para algum dos dois. É como manter vivo um paciente com falência cerebral na esperança de que um milagre o faça acordar sorrindo, inteiro. Dói todos os dias em que isso não acontece. E dói mais ainda quando, finalmente, ele morre- mas, então, pelo menos, todos estão livres para seguir a vida. A verdade é que enquanto não decidimos se acabou ou não, se queremos aquela relação de volta (com todas as idiossincrasias, neuroses e desgastes que nos fizeram partir) ou se ela faz parte do panteão do passado, nada anda. Atolamos. Ninguém novo pode entrar, arejar os dias. Nem sozinho ficamos bem. Só o vulto constante da tristeza nos acompanha, mesmo nas horas mais alegres ela sabe que, a qualquer momento, a guarda baixará e ela terá espaço suficiente pra se instalar. Enquanto não deixamos o passado para trás, não há futuro.


By Flor

domingo, 2 de março de 2008

Dentro de Mim...



Hoje em meio ao amanhecer, sob a luz de um abajur que ao mesmo tempo clareia e ofusca o meu olhar, estou aqui perdida entre lembranças e retalhos que me fazem relembrar o que restou de nós...
Perdida entre a razão e a emoção, coração grita incondicionalmente por um amor não sadio, por um amor cheio de caminhos tortuosos com estradas de pedras. Mesmo estando em cacos, ele pede por esse amor, sabemos que não estamos com os pés no chão, porem, a credulidade e a esperança nos fazem aceitar e optar por certas decisões, mas, não estamos pisando em porto seguro.
Essa credulidade é dada a partir do primeiro olhar, ainda que saibamos lá no fundo que a probabilidade da decepção é grande. Enganamos-nos e fingimos não ver o que Deus nos mostra com clareza.
A decepção se dá então de forma dura e cruel, nos arrastando para um abismo de solidão e tristeza. E assim, nos damos conta do erro que cometemos pq as coisas só acontecem se nós mesmos permitirmos. Ninguém entra ou sai de nossas vidas sem que anteriormente tivéssemos dado o alvará.
Essas mesmas pessoas nos machucam pelo simples fato de permitirmos... Por melhor que sejam as nossas intenções, nunca sabemos o valor e a veracidade das intenções do outro. Acabamos por concluir um espetáculo de emoções, sentimentos, conflitos, decisões e expectativas.
A cada escolha temos uma certeza, a cada sentimento uma relação mais forte, a cada conflito um pedaço de tristeza, a cada decisão uma dúvida, a cada expectativa a constatação da realidade nua e crua. Tudo isso gera uma descarga de emoções, sobrecarregando um coração com mais de 1000 wolts. Com tudo, só nos resta aprender, o aprendizado é a melhor forma de lidar com aquilo que nos aflige embora a tristeza nos arrase de uma maneira lenta e progressiva, aprendemos muito com ela e nos fortalecemos como seres humanos. A cada tombo, acrescenta-se uma forma diferente de encarar a vida, nos dando sabedoria e “peito” para encarar decepções futuras.
Deus sempre nos dá uma cruz, exatamente com o peso e do tamanho que podemos carregar mesmo com dificuldade cada um recebe aquilo que merece. Ele não discrimina ninguém e quem souber carregar sua cruz, encontrará o caminho da luz e da felicidade.
Com toda dor, mesmo a mais doída, a mais latejante, precisamos nos concentrar na nossa essência e não nos deixar entregues, por mais avassalador que seja. Antes de tudo temos nosso orgulho, nosso brio e principalmente o nosso amor próprio.
Mais uma vez estou aqui esperando por uma chegada que talvez não chegue, por um abraço que talvez não seja dado, por um beijo que talvez não seja selado, porém, gostaria que soubesse que mesmo que tudo isso não aconteça, eu me mantive aqui, te procurei em todos os lugares e só te achei dentro de mim.

By Flor

sábado, 1 de março de 2008

Na própria pele...



"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.


Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa, a minha imaginação, por mais longos que sejam seus braços, não alcança o verdadeiro propósito que move a minha existência, esse que às vezes intuo, mas, de verdade, não sei. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece por mais que eu envelheça, e, um coração corajoso, carregado de brotos de amor."


Ana Jácomo

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