...A paixão me ensinou a delimitar espaços, vãos entre a saudade e o encontro, brechas entre o que somos e o que jamais seremos. Me ensinou a contar o tempo, as letras, os dias. Me ensinou a agonia de uma palavra que perdeu o fôlego. (Demarcou caminhos pra ganhar alguma força, mas, se perdeu nos vazios de seus não-lugares). Na paixão, qualquer reciprocidade nunca valerá a pena, a insônia, a espera, o peito engarrafado, a frase engolida. O todo é sempre pouco, porque nada supera a expectativa que alimentamos. Paixão, depois de inúmeras tentativas, dá preguiça — antes do começo, nos finaliza. E é aqui que o Amor entra, ou, é aqui que você respira com uma melhor desenvoltura: no meu cansaço; no meu inimaginável. Amar é acreditar em uma nova vida com desprendimento e conforto. Ressurgir de. Liberdade. Ir e vir, sem quando nem onde. Aqui ou ali. Não se sabe os porquês — nem se vai durar muito tempo. Amar é conviver em paz com a liberdade do não-saber (o que caberá ao fim, ao além-do-instante, ao que costuma inventar eternos).
O Amor me ensinou as dobraduras do tempo. Me ensinou as asas que coloquei nessa oração: eu te quero. Bem-querer que ainda voa livre. E abençoa a vida que nem vivi ainda.
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