Você já nem pode mais conversar. Já perdeu o controle, porque algumas coisas mudaram. Porque já não sou mais quem você costumava conhecer. Alguns amigos se vão. Outros voltam. Outros permanecem. E outros permanecerão, mesmo que você se desfaça, que se refaça.
É muito mais fácil abandonar, deixar para trás, ver o rosto pelo avesso, sem traço, sem escapatória. Você pode errar, deixar o mundo de cabeça para baixo. Outros caminhos se abrem. Mundos costumam se reconstruir. Não sei como.
Nenhum pensamento em retorno. Sozinho você continuará acreditando, acreditando em um mundo que já deixou de ser. Passará a sonhar com e em outro mundo. Sua vida já será outra. Você começa a se mexer e querer ver os resultados de tanta espera, de tanta cansaço. Acho que você sabe, porque o que eu fiz ou o que fui foi só um ensaio.
Essa é a minha primeira vontade, a que vem na frente, a que mais se mostra, a que sempre se mostrou e você tanto ignorou. O meu momento de glória. A minha partida. Não um erro, um tropeço, que você conheceu, que você diz que conheceu. Parar celebrar à sombra.
Porque eu já vi esse olhar antes. Olhar com lágrimas é desespero na despedida. Tente sorrir. Não nos resta mais nada além disso. Nossos caminhos são outros. Nossos desejos são outros. Perdemos a compatibilidade do afeto.
Já aconteceu e você nem viu. As provas estão aí. Pode conferir. E quando voltar, já estarei longe, escrevendo cartas e mais outras cartas para distrair a dor, para tapear a tristeza. Fique com os seus fantasmas.
Não é difícil de entender quando o frio queima. Você só vai entender quando eu já não mais estiver aqui. Só assim.
Porque meus heróis são os seus fantasmas. Eles até se confundem, são quase idênticos. Tão distintos. Ínfimos.
Vou buscar meus sonhos em outro lugar.
Leandro Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário