Há palavras em nós vivas e mortas... Inertes e pulsantes... Palavras que brotam ou minguam... Palavras que vão e que ficam... Palavras que traduzem intrinsecamente os encantos de uma alma nua,
sábado, 30 de janeiro de 2010
Momentos de dor
Todos passamos por momentos difíceis vez ou outra na vida. Muitas vezes parece que o mundo se derrama sobre nós com a fúria dos ventos e das tempestades e nos sentimos levados por uma espiral enlouquecida que derruba tudo ao nosso redor até que nada familiar reste.
Se começarmos a sofrer por algo, é preciso aceitar essa situação e não fugir dela. Devemos, sim, ir ao seu encontro já nos primeiros sinais, descobrir suas causas, e reajustar o caminho, antes que uma pequena dor se transforme num monstro maior do que nós. Não há como evitar, por mais que tentemos, por mais cuidadosos que sejamos, não podemos evitar os movimentos dolorosos da vida. Como um vulcão, a dor muitas vezes brota de dentro de nós cuspindo fogo e labaredas.
Outras vezes parece um mar em fúria que nos engole com suas ondas incontroláveis. Existe ainda aquela dor persistente que vai-nos enlouquecendo aos poucos, algo parecido com o que sentiríamos se nos sentássemos sobre um formigueiro.
Não importa a natureza do desafio, uma coisa é verdade: quanto mais resistimos, mais expostos e vulneráveis ficamos!
Seja lá qual for a forma como a dor venha visitar você, receba-a em sua sala de visitas. Sirva-lhe um chá quente e saboroso. Cuide para que vocês tenham alguns momentos da mais profunda paz. Olhe bem no centro de seus olhos e pergunte-lhe:- Por que você veio me visitar? O que quer me dizer?
Não tente evitar ou negar a dor. Isso é impossível. Converse com a dor. Ouça seus argumentos: pergunte-lhe a razão de sua visita.
A dor é uma mensageira da alma. Sofremos quando insistimos em ficar estagnados. Sofremos quando nos recusamos fazer um movimento necessário. Sofremos quando resistimos à vida. A dor é uma mensageira que vem com a missão de nos fazer caminhar, seguir adiante.
É claro que não há como evitar tudo isso, mas sempre podemos escolher. Podemos resistir ou nos mover. Quanto mais resistimos, mais dói. Quando nos movemos, deixamos para trás o que nos fazia sofrer, até que um dia aquilo se torna uma lembrança que, se bem trabalhada, ganha o status de sabedoria.
A dor vem para trazer algo à tona, para nos fazer ver o que nos recusamos a enxergar, vem para abrir nossos olhos, para rasgar nosso coração, para despertar a nossa consciência. É a alma nos alfinetando porque nos quer mais felizes. Não é uma punição, não é uma maldição, é um ato de amor do Universo tentando nos tornar ainda melhores do que somos.
Não que esse seja o único caminho de crescimento e transformação, é claro que existem trilhas mais amenas. Mas mesmo nestas, vez ou outra pisamos em um espinho, topamos com uma pedra ou somos picados por uma abelha irada que teve sua colméia perturbada por nossa distração.
Assim, quando estiver imerso em algum tipo de dor, evite a tentação de fugir dela.
Plante-se bem no meio daquela sensação, abra os ouvidos e ouça o que ela tem a lhe dizer. Feito isso, levante-se, erga a cabeça e mova-se.
Evite mascará-la criando falsos estados de fortaleza. Muitas pessoas associam dor à fraqueza e a escondem até de si mesmos. Fingem que não estão sofrendo e com isso afastam-se da ajuda possível - aquela que vem da própria dor.
Outro dia eu li que algumas pessoas nascem sem a possibilidade de sentir dor, fisicamente falando, e que essas pessoas são muito vulneráveis. Imagine se você tiver uma apendicite e não sentir nada? Imagine se tiver uma úlcera e não sentir nada?
A dor é protetora!
A dor nos protege de nós mesmos. Se seguíssemos sempre em sintonia com os movimentos da vida não precisaríamos sentir dor.
Fique atento sempre que algo for dolorido para você. Reajuste seu caminho logo nos primeiros sinais.
Não espere que a dor tenha que se tornar monstruosa para que você a ouça.
Assim, quando uma abelha picar você, não a mate... apenas lhe peça para ser mais específica!
Patrícia Gebrim
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Felicidade...
Ás vezes tudo o que a gente precisa aprender é a viver um dia de cada vez. Apenas. Sabe por quê? Porque pura e simplesmente a vida vive um dia de cada vez. Um segundo por vez, um minuto, uma hora e sucessivamente. De repente, enquanto escrevo esta frase, começo a rir. Parece tão simples... se a ansiedade não me roubasse o sono, os minutos sagrados do não pensar em nada... Viver um dia por vez. Os alcoólicos anônimos adotam esta postura, ensinam, reeducam dentro desta idéia. E na verdade, acho que todos os outros grupos de ajuda, de terapia coletiva, também praticam isso: viver um dia a cada dia. Infelizmente, vivemos em tempos de velocidade e acabamos querendo que tudo aconteça rápido, á jato, pra ontem... Não é este o nosso lema? Rapidez. Eficiência. Corre-corre. Devo confessar, que venho há bom tempo querendo terminar a idéia que comecei sobre felicidade. Fazer uma trilogia, quem sabe... mas, a minha ansiedade não permite. Ansiedade do tipo, como pagarei as contas, como ganharei dinheiro, como sobreviverei a esta ou aquela situação novamente, como será, como será que, ou e se, se, se... Sei que escrever, sempre é um bom exercício pra acalmar os ânimos, coordenar as idéias, mandar embora fantasmas, afastar as tristezas. Pelo menos, eu enxergo assim, e enquanto pensava por onde começar a escrever, pensei que necessito aprender a viver um dia de cada vez. Já aprendi a tirar da vida, o que é bom. Adotei como máxima ao que os outros considerariam como fracasso, a idéia de que: tudo vale a pena se a alma não é pequena... Aí só se lembra do que se aprendeu, do que foi bom e de que a fila anda... Mas este tal negócio de deixar pra amanhã o que é do amanhã, ainda está difícil. Admito que venho buscando a felicidade. (Não só por causa do artigo, mas, por minha causa mesmo) Ainda não sei bem detectar se ela é um estado de espírito, se são apenas bons momentos vividos, se vem instalada no código DNA, se é utopia ou qualquer outra coisa do gênero. Já distingui, porém, que felicidade não está ligada ao outro, ela está ligada a mim mesma, a minha busca, a minha essência. E acabo de descobrir que ela está intimamente ligada com a capacidade de se viver um dia de cada vez. Sofrer por antecipação só pode trazer amargura, tristeza, chorumelas.
Acho que felicidade tem haver mesmo, com o dom de não deixar de acreditar, não deixar de crer que dias melhores virão e que se não foi hoje, se não foi neste momento, quem sabe possa ser amanhã, mas se o futuro parece negro, o importante é não ligar. Como alguém já disse o ontem, já foi. O hoje é o que temos agora. E o amanhã ainda não veio. E claro, basta a cada dia o seu mal. E quer saber? Acho que ainda escreverei muito sobre felicidade... Porque percebo que ser feliz é uma busca que está dentro de cada um de nós e para se alcançar felicidade existem muitos e muitos caminhos a se percorrer...
Acho que felicidade tem haver mesmo, com o dom de não deixar de acreditar, não deixar de crer que dias melhores virão e que se não foi hoje, se não foi neste momento, quem sabe possa ser amanhã, mas se o futuro parece negro, o importante é não ligar. Como alguém já disse o ontem, já foi. O hoje é o que temos agora. E o amanhã ainda não veio. E claro, basta a cada dia o seu mal. E quer saber? Acho que ainda escreverei muito sobre felicidade... Porque percebo que ser feliz é uma busca que está dentro de cada um de nós e para se alcançar felicidade existem muitos e muitos caminhos a se percorrer...
By Flor
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
O ser humano sofre por não saber sua própria importância...
O teatro já estava quase todo às escuras, com as últimas luzes se apagando lentamente, restando apenas uma difusa claridade no palco, onde os músicos terminavam de guardar seus instrumentos. Era o final de mais um concerto.
O violino, ao ser guardado na caixa com cuidado e atenção, começou a meditar, um pouco irritado: "Pronto! Lá vou eu outra vez! Como todos os dias, de cima pra baixo, fechado na maletinha, balançando pelas ruas e, o pior, ouvindo os horrendos sons da cidade. Uma verdadeira tragédia para minha sensibilidade, fora a poeira e as sacudidelas que, combinadas, desestabilizam minhas sensíveis cordas. Ah! Por que fui feito tão pequeno e leve? Por que não sou o piano? Sim, o piano, tão imponente, tão importante, tão lindo na sua imensidão negra e brilhante. E quando ele sai, então? Vem um carro especial, só para ele, tão fechado que ele não precisa ouvir os sons da rua. Pessoas o cercam e ficam olhando seu embarque com admiração. Ah! Como eu queria ser o piano!
"Na escuridão do teatro, agora já vazio, o piano também deplora sua situação, e reflete com tristeza: "Por que me fizeram tão imenso e pesado? Por que não sou leve como o violino que, colocado na sua maletinha, vai e vem, todos os dias, podendo sair daqui e ouvir os inspiradores sons do mundo? Eu fico sempre aqui parado e não ouço nada, além do burburinho do ambiente. Quando, enfim, saio, as pessoas param em torno de mim e ficam me observando enquanto sou colocado e bem amarrado num carro especial, tão fechado que não capto um som de fora. Ah! Como eu queria ser o pequeno violino!
"Assim, ambos continuaram noite adentro, com seus sofridos pensamentos, sem se dar conta de que seu verdadeiro papel é a interação, é o tocar juntos para fazer a harmonia no todo, pois o importante é a harmonia, a beleza dos sons combinados, sendo o conjunto, construído como é, que determina a beleza do resultado.
Da mesma forma, muitas vezes o ser humano deseja ser diferente do que é, e fica infeliz com sua situação, sem conseguir definir um papel na vida, distanciando-se da boa convivência com os demais, deixando de interagir e se cobrando à procura de uma forma diferente de ser. Ele sofre pelos rumos que sua vida toma, sem perceber seu valor e sua importância na corrente da vida, para onde se vem com um rumo certo a ser tomado.
Marina Gold
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Individualidade e Egoísmo são a mesma coisa?
É especialmente comum a confusão entre individualidade e egoísmo. Porque essas coisas se misturam tanto? Como desenvolvemos nossa individualidade e nossa capacidade de nos relacionarmos intimamente? Onde aprendemos qual sentimento é feio ou bonito? Somos educados para os outros, para o social, ”diga obrigado quando receber algo de alguém- principalmente de estranhos”.
Não é esquisito isso? A intimidade implica em desrespeito, então? Em desvalor? Quantas vezes ouvimos: “Você é de casa mesmo... não tem problema... ele(a) espera”... ou aquela velha e conhecida frase: ...“primeiro as visitas”! Dificilmente nos dizem: ... “aprenda a se respeitar!”...
“Seja grato ao que recebe, mas não se torne por isso, um eterno devedor” ... ou o inverso ... ”doe apenas o que tem senão estará correndo o risco de se tornar um eterno credor”...
“Saboreie suas vitórias valorizando também sua capacidade e seu potencial que o ajudou em suas conquistas” ... e não apenas “ofereça” os créditos aos outros, ou ao acaso... ou a eterna “sorte”.
Ouvi certa vez, uma definição interessante: “sorte é o encontro do talento com a oportunidade!”, é dessa interação: eu (talento) + mundo (oportunidade) que estou falando.
Sou psicoterapeuta há mais de 10 anos e posso contar nos dedos de uma mão, o numero de pessoas que conheci que foram educadas a se respeitar em primeiro lugar. E a culpa? E a dúvida... será que “isso” não é egoísmo ou falta de educação? Nascemos emocionalmente misturados com o meio, enquanto bebês nossas sensações, desejos, e percepções ainda não são sentidas como nossas, fazemos parte de um todo confuso e complexo. Fantasia e realidade ainda estão indiferenciados.
Nesse momento somos ”naturalmente egoístas”, não existe o outro, tudo é "eu". A nossa percepção, nossa forma de entender, sentir e encarar a realidade, nasce daquilo que aprendemos e descobrimos durante esse processo de formação da identidade, através de nossas relações.
Nossas crenças, nossos valores, nossa fé nas mais diferentes coisas emergem da substancia da ilusão compartilhada em parte pela humanidade e em parte pelo crivo de nossa família e das pessoas que ajudaram a construir nossa matriz de identidade.
Todas as vivências e experiências pelas quais passamos, são filtradas pelos nossos parâmetros, que influenciam o nosso olhar. Portanto não existe uma única realidade, existem inúmeras formas de entender e compreender a mesma situação. Como diz o jargão popular: “depende do ponto de vista”. A individualidade poderia ser vista como essa forma particular de sentir, perceber e decodificar o mundo que nos cerca. Para podermos exercitá-la e desenvolve-la é necessário respeito.
Estou definindo como respeito a capacidade de permitir ao outro “ser”, expressar suas particularidades, suas características genuínas, seu potencial criativo e espontâneo; trata-se da aceitação do outro como ele é.
Para isso precisamos de coragem e humildade, para perceber que existem várias verdades e em diferentes ordens hierárquicas, ou seja, o que é importante para você pode ser importante para mim, não necessariamente na mesma ordem, ou pode simplesmente não ser; por se tratar de valores ou visões diferentes.
As pessoas não são feitas à ”nossa imagem e semelhança”, são diferentes, pois são resultado de sua própria história, e de suas singularidades. Quem te disse que o seu certo é o certo? O egoísta só se relaciona consigo mesmo, não percebe o outro, porque seu olhar está confuso, perdido na própria imagem.
O auto-respeito é diferente do egoísmo. Desenvolvemos nossa capacidade de nos relacionar de forma saudável, no difícil aprendizado de assumir gradativamente a responsabilidade por nossa própria vida, por nossas escolhas e por nossas características boas ou não.
Paralelamente descobrimos a importância do outro em nosso desenvolvimento e sua influência em nosso crescimento emocional.
A pessoa que respeita a própria individualidade percebe que existe independente do outro, ela é, mas ao mesmo tempo torna-se interdependente do meio, numa relação de troca, numa dança delicada e prazerosa.
Rosani Gomes
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Não se arrependa...
Não se arrependa do passado; aprenda com ele.Lá longe, no distante passado, está a idéia das coisas que um dia existiram e como elas afetam quem somos hoje em dia.
Arrependemo-nos das coisas que não fizemos, e desejamos poder mudar as coisas que fizemos errado. Deveríamos, contudo, olhar para o futuro.
Acabamos perdendo nossas vidas com remorso e não enxergando todas as boas coisas que estão acontecendo no presente.
Se olharmos para o futuro, certamente encontraremos, pelo menos, um pouco da felicidade que fará nossas vidas valer a pena.
Você pode encontrar conforto nas idéias e ações das pessoas que rodeiam você.Elas vão ajudar você a superar os momentos difíceis e também ficarão felizes quando tudo estiver bem.
Apenas procure os dias mais luminosos e você vai ver o lado bom da vida.
Muitos problemas podem surgir e as coisas parecerão erradas, mas apegue-se às suas virtudes.Mantenha sua cabeça erguida de modo que todo mundo possa ver quão especial você é... e você vai conseguir.
Lauren Hall
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
sábado, 9 de janeiro de 2010
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Quer um conselho? Ame!
"O amor é o melhor jeito de responder às questões do mundo.Imperar é atributo que sugere poder. O imperador comanda o império, rege com autoridade. Imperativo é tudo o que ordena, o que governa. Na linguagem temos os verbos imperativos. São aqueles que dão ordens. Sempre que os leio escuto gritos, vozes querendo me convencer do conteúdo que sugerem.
O verbo é a casa da ação. Dele se desdobram movimentos. Verbos mobilizam os sujeitos. É a regra da gramática, mas é também a regra da vida.Penso nas palavras que me ordenam. Quero compreender a razão de gritarem tanto sobre os meus ouvidos e de me moverem para a vida que vivo. A interpretação que faço do mundo passa pelos verbos que imperam sobre mim. Por isso, a qualidade da vida depende dos verbos que imperam sobre ela.Gosto de conjugar o verbo “amar” no imperativo – “Ame!”
Não há necessidade de complementos. Ame este ou aquele. Ame agora ou depois. Não há justificativas. É só amar. É só seguir a ordem que o verbo sugere. “Ame!” Repito. Não escuto gritos, mas uma voz mansa com poder de conselho. Voz que reconheço ser a de Jesus a me conduzir por um caminho seguro que me fará viver elhor. “Ame!” Ele repete! “Ame!” Ele aconselha. Tenho aprendido que o amor é o melhor jeito de responder às questões do mundo. Experimento isso na carne. Eu fico melhor cada vez que amo. Digo isso como homem religioso que sou. A religião é a casa do amor, assim como o verbo é a casa da ação. Se não o é, não é religião. É esconderijo onde acomodamos nossa hipocrisia. É lugar onde justificamos nossas intolerâncias. É guerra fria que fazemos em nome de Deus.
Eu ainda acredito que o amor é a religião que o mundo precisa. Jesus ensinou isso. Morreu por crer assim. Elevou à potência máxima o imperativo do amor e não fugiu das conseqüências. Tenho medo quando nos especializamos em qualificar as pessoas como boas ou ruins, em nome da religião. Tenho medo de deixar que outros verbos imperem sobre minha vida. Verbos que excluem, abandonam, jogam fora e que condenam a partir de aparências... É nesta hora que eu me recordo do imperativo de meu Mestre - “Ame!” E só assim eu descanso. Eu sei que você também costuma se perder em tantas realidades desta vida. Eu sei que o seguimento de Jesus costuma nos colocar em encruzilhadas, porque não há seguimento sem escolhas. É natural que nasçam dúvidas e a gente se pergunte – E agora? Como ser de Deus no meio de tantas realidades contrárias? Como manter o olhar fixo no que cremos sem que a gente precise cometer o absurdo de desprezar os que crêem diferente de nós?
Nem sempre conseguimos acertar, fazer da melhor forma. Quer um conselho? Ame! "
Pe. Fabio de Melo
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
O que dizem nossas malas...
"O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera. Experimento na carne a verdadedas palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.Ando pensando sobre as malas que levamos... Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças. Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas. Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor – o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico – isso mesmo! – Microondas? – Comunique-me, por favor, se alguém já ousou levar.
O fato é que elas representam nossas inseguranças. Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações.Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo... Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez? Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada. É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou. É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos... Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar. Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve."
Pe. Fábio de Melo
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Me ampliando...
Quero aqui me diluir sem correr o risco de envelhecer e amarelar, como acontece com papel. Quero aqui me lançar e me eternizar, sem perder certas cores... No fundo eu quero ser arco-íris, mas tendo as cores de todos que eu amo misturadas intimamente com as minhas (cada uma delas), numa espécie de arco-íris coletivo. Quero ver céu costurado com o mar, fel com mel, seu ser com o meu, com todas as invisíveis linhas.
Nessas transições que eu moro. Quero poder colocar em prática muitas fantasias, fazer poesias, ver desenhos em nuvens, dançar com a leveza do ar, descobrir músicas que embalam histórias, entender o que eu não entendo, ultrapassar o que já sinto e que bem me faz, que alegria me traz, que me deixa em paz. Tento me ampliar e que tudo isso em minha vida permaneça.
Nessas transições que eu moro. Quero poder colocar em prática muitas fantasias, fazer poesias, ver desenhos em nuvens, dançar com a leveza do ar, descobrir músicas que embalam histórias, entender o que eu não entendo, ultrapassar o que já sinto e que bem me faz, que alegria me traz, que me deixa em paz. Tento me ampliar e que tudo isso em minha vida permaneça.
By Flor
domingo, 3 de janeiro de 2010
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