sábado, 31 de agosto de 2013

Silêncio...


Cheguei à janela e olhei para o céu, um movimento que faço várias vezes até sentir o meu dia concluído e esperar a vinda do novo. Entendi, de repente, porque gosto tanto da noite, desde sempre: pelo silêncio dela. Eu sei que o silêncio pode ser ameaçador. Sei que muitas vezes põe pra tocar, no volume mais alto, músicas que nossos sentimentos cantam e que falam de coisas que a gente nem sempre quer ouvir. Mas o silêncio é também alimento. O silêncio é também descanso.

Ana Jácomo

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A paixão...


...A paixão me ensinou a delimitar espaços, vãos entre a saudade e o encontro, brechas entre o que somos e o que jamais seremos. Me ensinou a contar o tempo, as letras, os dias. Me ensinou a agonia de uma palavra que perdeu o fôlego. (Demarcou caminhos pra ganhar alguma força, mas, se perdeu nos vazios de seus não-lugares). Na paixão, qualquer reciprocidade nunca valerá a pena, a insônia, a espera, o peito engarrafado, a frase engolida. O todo é sempre pouco, porque nada supera a expectativa que alimentamos. Paixão, depois de inúmeras tentativas, dá preguiça — antes do começo, nos finaliza. E é aqui que o Amor entra, ou, é aqui que você respira com uma melhor desenvoltura: no meu cansaço; no meu inimaginável. Amar é acreditar em uma nova vida com desprendimento e conforto. Ressurgir de. Liberdade. Ir e vir, sem quando nem onde. Aqui ou ali. Não se sabe os porquês — nem se vai durar muito tempo. Amar é conviver em paz com a liberdade do não-saber (o que caberá ao fim, ao além-do-instante, ao que costuma inventar eternos).

O Amor me ensinou as dobraduras do tempo. Me ensinou as asas que coloquei nessa oração: eu te quero. Bem-querer que ainda voa livre. E abençoa a vida que nem vivi ainda.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Viver demais, pensar de menos...


Sempre sei quando estou prestes a fazer algo do qual vou me arrepender, e continuo. Depois irei me torturar, fazer mil questionamentos, levantar todos os "por quês?", me culpar e falar para mim mesma: "como você foi boba!". Me conheço, a ação feita ocupará o pensamento presente. Me roubará a palavra da boca, me inundará de escritas. Não desejo para ninguém e nem articulo uma mudança para o meu jeito. Descobri que o arrependimento é justamente para estes casos: viver demais, pensar de menos.


Cáh Morandi

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Fé...


"Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. Eu não sei, mas minha alma sabe. Então, faço o que me cabe e entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: "Tomara que as nossas vontades coincidam". Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender."

Ana Jácomo

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A palavra não sabe que diz...


Eu queria dizer uma coisa que eu não posso sair dizendo por aí. 
É um segredo que eu guardo, é uma revelação que eu não posso sair dizendo por aí. É que eu tenho medo que as pessoas se desequilibrem de si, eu tenho medo qu
e elas caiam quando eu disser. 
É que eu descobri que a palavra não sabe o que diz...
A palavra delira, a palavra diz qualquer coisa.
A verdade é que a palavra, ela mesma em si própria não diz nada.
Quem diz é um acordo estabelecido entre quem fala e quem ouve.
Quando existe acordo existe comunicação.
Mas quando esse acordo se quebra, ninguém diz mais nada.
Mesmo usando as mesmas palavras.


Viviane Mosé


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O tempo...


...Não passa. Excede. Porque amor não tem tempo. Não tem lugar. Nuvem suspensa; bem-querer que pairou sobre as nossas datas e de lá nunca mais saiu. Parece ter nascido conosco. Concebido há pouco tempo mas, dentro, acho que sempre existiu. Nasceu noutro lugar. Cresce pra chamar a atenção. Desenvolve-se pra ocupar espaços ou, talvez, inventar outros. O amor não passa. Ultrapassa. Sustenta porque não tem remendos. E tem o nosso tamanho. Não falta nem aperta. Mora e deixa livre. Desconhece as distâncias. Alegre e silencioso, o amor é um abraço nunca para de sorrir.

Priscila Rôde


domingo, 25 de agosto de 2013

Ou é meu ou não é!


Se não for pedir muito, traga o seu coração da próxima vez. Eu não consigo me apegar a pessoas que tem os sentimentos disfarçados. E nem consigo entender essa coisa de 'não-entrega'. Ando apostando em amanhãs mais bonitos e apagando de mim tudo o que não me acrescenta nada. Se a vontade é de permanecer, faça direito. Não coleciono meias verdades, nem meias palavras e nem meias pessoas. Gosto inteiro. Sem brechas. Sem espaço pros vazios que a gente costuma implantar na vida. Não dá pra amar pela metade e nem pra ser feliz as mínguas. Ou é meu ou não é.

Wanderly Frota

sábado, 24 de agosto de 2013

Amor...


“Eu precisei percorrer muito caminho para entender que um dos maiores tesouros da vida humana, talvez o mais precioso, é a capacidade essencial de sentir amor e saber expressá-lo. E que boa parte das confusões, das discórdias, das invejas, das doenças, das armadilhas, surge da profunda dor que causa a temporária incapacidade de descobrir onde ele está.”

Ana Jácomo

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Amar é ter fé...


Eu não quero ter que me acostumar com despedidas, com perdas e com adeuses. Meu coração não está preparado para sempre trocar de rumo, refazer as malas e comprar uma passagem nova. A vida é feita de recomeços, mas não é justo ter que mudar todos os nossos planos, as nossas vontades e os nossos sonhos porque alguém quis assim, se não nós mesmos. Existe um laço na minha alma onde eu armazeno as minhas melhores lembranças, os meus melhores projetos e os meus amores mais reais. E é assim que deve ser. Abrir mão de alguma coisa é sempre algo que pesa, principalmente quando carrega os nossos sentimentos mais bonitos. Mas é preciso, fazer o que?! Neste mundo as ruas vão se estreitando a cada passo que damos e fica impossível prosseguir se não abrirmos mãos do que nos pesa. Aí é hora de deixarmos nossas manias de lado, nosso rancor, nosso egoísmo e até mesmo certas pessoas ou certas coisas que gostamos muito, mas que não podemos. É hora de deixar na bagagem somente o necessário. Somente o que nos fortalece. Isso só será possível se tivermos bem guardadas doses extras de amor. Porque no final não adianta choramingar, é o amor que vence. Que nos revigora, nos devolve as esperanças e nos faz acreditar que a linha de chegada é logo ali. E é. O amor é um exercício diário. Amar é ter fé, nunca sabemos o dia de amanhã e nem os becos que teremos que enfrentar.

Wanderly Frota

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poesia...


Poesia é cada manhã de domingo, é despertar do sonho na segurança do abraço, é alvorecer dentro da preguiça das horas, é tardar nos planos, é transferir a fome para matar a sede, é comprometer o juízo pelos lençóis, é demorar na respiração para se reconhecer no cheiro do corpo amanhecido, é recontar os arrepios da pele para se perder no calafrio, é adoçar o beijo ainda nos próprios lábios, é abrir os olhos para cerrar os cílios da alma, é não ter pressa de se reconhecer para ser anônimo na dor, é buscar o livro da cabeceira para redecorar o vocabulário, é adiar o movimento para estremecer na permanência, é procurar as costas debaixo das cobertas para deitar o toque. Poesia é sempre um domingo, é sempre esta manhã em que posso escolher as palavras. Tua voz penetra calmamente meus ouvidos e me convida para namorar o dia. Hoje só serei encontrada no amor.

Cáh Morandi

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Para aprender a ficar...


Sinto como se estivesse mudando de bairro, de cidade, de país, de planeta. Mais uma vez.
Mesmo não estando.
E é só com essa impermanência que sei lidar.
Descobri isso outro dia, mas tem sido sempre assim, 
e agora sonho em sair detrás dessa trincheira.
Tenho feito um esforço danado para confiar, mesmo dentro do medo.
É que minha vida me ensinou a ser trem, sempre chegando, sempre partindo... 
Sem nunca ficar.
Não sei durar. Mesmo querendo tanto.
Torço então, pelo dia em que vou, finalmente, achar meu tempo definitivo.
Meu para sempre.

Solange Maia

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quase...


Caminho exaustivamente pelos dias, atravesso a agonia da rotina, sacrifico o limite, estendo os horários. Percorro os dias e conto as semanas, agora o tempo é quase pouco. Avisto um bom porto para descansar da viagem, ancoro. Do céu aberto identifico a árvore, o galho e seu ramo, recolherei as asas. A distância do meu colo deitado em teu ombro diminui. O teu cheiro já alerta tua chegada. A realidade se despede para nos dar o sonho. Amarei fortemente, pois a força é meu descanso. Meu corpo ocupará o seu no mesmo lugar do espaço, sem física que nos explique. Juntos nada nos justifica ou questiona, dispensamos as palavras, importa os lábios. Quase estamos em paz.

Cáh Morandi

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Borboletas...


Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso auto engano já não nos servem. Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. É em vão. Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos. Existem portas que se desmancham após serem atravessadas, como sonhos que se dissolvem ao acordarmos. Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las. Da estreiteza à expansão. Da semente à flor. Do casulo às asas, ensinam as borboletas.

Ana Jácomo

domingo, 18 de agosto de 2013

Nosso abraço...


O mundo todo dentro de um abraço. O seu. O nosso abraço. E repentinamente no meu coração era primavera. O começo de uma nova estação, a minha preferida. As nossas mãos entrelaçadas denunciavam todo o sentimento que transbordava de você pra mim. E vice-versa. O nosso mundo entre nós. Eu fechava os olhos e não queria mais abri-los, pra não ter que perder nenhuma borboleta do estômago e nem me distrair com o carrinho de pipoca passando. Eu soube que você era a joia que eu tanto esperava receber da vida. Eu soube, com toda certeza, que você era o meu pedaço de amor que os dias me trariam. Para cuidar, proteger, completar, expandir. Foi no primeiro abraço que eu me acolhi e desejei jamais sair de lá. Porque a gente percebe quando o coração encontra o ninho, e ali era perfeito pra mim.

Wanderly Frota

sábado, 17 de agosto de 2013

Estrada...


Já havíamos nos feito frutos antes de nascermos para os dias. Você é o Amor que já sabia antes de me haver no mundo. Vesti-me de semente para florescer teus olhos; tornei-me riacho para ao mar saber amanhecer. O tempo veio, de longe, e ainda canta para nós. Canção feita para celebrar sentidos. Cuido do Amor para ser teu nome e tema que versam o canto dos pássaros. Depois de ti, o mundo nasceu sentido, e o peito cambaleia, aumenta e dança sobre os presságios. O coração, tonto e arrítmico, desliza. Sem onde, abri estações nas funduras dessa noite. Sem quando, abrigo um futuro decorado na boca, entre as distâncias em que apenas os sonhos estão permitidos atravessar. E é aqui, na fusão de todas as cores, que os dias aprendem a beleza do teu nome. Aqui, na desnecessidade de todas as vozes, que o Amor aprende a ser, em silêncio, um sonho lhe derramando em pensamento. Aqui, onde a poesia nos tingiu de céu e de sol, e onde bebo e como da tua presença. Aqui, sou, porque tu és. Estrada a caminho de mim.

Priscila Rôde & Guilherme Antunes


Wedding Tickers

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sonhos...


“…Os sonhos não determinam o lugar onde vocês vão chegar, mas produzem a força necessária para tirá-los do lugar em que vocês estão. Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua. Sonhem com a Lua para que vocês possam pisar pelo menos nos altos montes. Sonhem com os altos montes para que vocês possam ter dignidade quando atravessarem os vales das perdas e das frustrações. Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar…”

Autor Desconhecido

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sem recalques...


As minhas entregas são definitivas no agora para sempre hoje. Não me importa o seu medo, teus motivos, tuas fugas. Eu me entorno no que faço, viro a coisa inteira, não tomo a atitude, me torno a própria. Eu não escolhi a minha intensidade, ela veio com muita personalidade e uma quase autonomia. Não pretendo o gozo, busco o Nirvana. Sou flexível ou radical por uma questão de experiência. Eu sobrevivo às frustrações e me responsabilizo pelas minhas desistências. A minha adaptabilidade foi conquistada através de uma profunda reflexão, o que não quer dizer que eu aja por conveniência se não estiver em consonância com a minha essência. Pode parecer arrogância: tantas coisas se parecem com o que não são. Não abrevio minhas emoções, não interrompo meus desejos, sou objetiva nas minhas querências. Não banalizo minhas angústias e sofro como qualquer ser humano por questões tão corriqueiras como rejeição e todas estas coisas que nos fazem olhar para a vida, por um instante, com certo cansaço e desânimo. Mas corro os riscos e banco a minha história, pois a escrevo e reescrevo quantas vezes for preciso. 


Por isso, antes de me julgar, faça as pazes contigo.

Marla de Queiroz

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Espero...


Sou toda sentimento. Alma e corpo. Tudo isso me leva a você de um jeito que eu mal sei explicar. Tenho feito de nós o meu trevo de quatro folhas e aposto, todos os dias, em nosso final feliz. Espero você chegar sem hora marcada e tomar conta do meu coração, que já te pertence a longos dias. E me contar sobre sua vida, sobre seu dia e sobre ciência, futebol, economia e artes. Eu espero que na simplicidade nos amemos e sejamos pra sempre um do outro.

Revisto-me de poesia o tempo todo e, dessa forma, tento alcançar aquilo que ainda me fogem as mãos. Sinto que meu coração conta - em sincronia com o relógio -, as horas desejando te ver. E desejo. Que os teus olhos passeiem sobre os meus e que eles revelem aquilo que para mim ainda é desconhecido. Sou toda esperança estes dias. Esperança de andar contigo lado a lado, de estender as mãos em sua direção e caminharmos juntos pela orla do lago enquanto nos despedimos do Sol ou de dividirmos os sonhos em uma tarde sentados na grama de uma pracinha qualquer.

Ainda te sinto longe, apesar do meu coração ser tua casa. Apesar de tudo. Espero que não demores muito, meu sentir é apressado e chama o seu nome o tempo todo. Eu te espero. E tenho certeza que quando você vier, começarão ali os meus dias mais felizes. 



Wedding Tickers

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esquecerá...


Com o tempo você irá me esquecer, assim como se esquece as chaves sobre a mesa, como se esquece as tristezas num dia qualquer de domingo, como se esquece de observar as flores se abrindo na sua estação. Você vai, e algum dia olhará para nós de um lugar já muito distante, mas um sentimento de ontem poderá se balançar. Esquecerá com a obrigação da tua nova vida, esquecerá porque é o que restará depois de inúmeras alternativas. Esquecerá de aquecer meus pés no inverno, esquecerá de procurar livros que ninguém tem, esquecerá as canções que escolhemos para eternizar nossas histórias, esquecerá o som da nossa voz no meio da madrugada, esquecerá de viver o imprevisto que nos assaltava, esquecerá nossos desejos mais secretos: nossa boca com gosto de mel, nossos corpos embrulhados na fita, nossa garganta arranhada das profundidades das palavras perdidas. Me esquecerá quando cruzar comigo em alguma rua, a distância envergonhará nossa nudez. Me esquecerá quando outra poesia te surpreender e te ler mais do que a mim. Me esquecerá fixando os olhos em outras costas, em traços de outras tatuagens. Me esquecerá nos domingos, em outra sala, novos sofás, parecidos carinhos. Talvez também te esqueça. Penso (e sei que pensas) em quem, um dia, nos roubará de nós. O amanhã nos atravessará com a sua covardia. Sem perceber estaremos em mapas desiguais. Haverá saudade, haverá vontade e nada poderemos fazer. Colheremos a escolha do agora, inevitável. Será isto, previsto. O caminho é sempre para frente, um trem não tem escolhas, e aqui nos colocamos de passagem. Amadureceremos na dor, não na culpa. Teremos novas mãos entre as nossas. Nossos planos conheceram seus nomes, nossos filhos não reconhecerão nossos rostos. Nosso amor não conheceu a vida, ficará sempre por nascer, prematuramente.

Cáh Morandi


domingo, 11 de agosto de 2013

Feliz Dia dos Pais...


Hoje quero desejar um Feliz Dia dos Pais diferente... quero desejá-lo para você que é pai, mas também para você que é mãe, irmã(o), tia(o), amiga(o), dinda(o), avó(o)... afinal, pra mim, ser ‘pai’ é viver uma linda experiência de amor, é externizar e eternizar essa benevolência que habita a essência de todos nós, o amor é um instinto primitivo, mas... há que se ter coragem porque amor é entrega e doação.
Por isso acredito que qualquer um que deseje, pode lindamente fazer esse papel. Pouco importa o laço genético, o que vale é a experiência afetiva, a entrega amorosa.
Um amor que é antes de tudo um amor à vida.
Um amor a quem já fomos um dia.
Um amor que desconhece o egoísmo, que é feito para o outro, que é presente que se ganha dando.

Ter tido a oportunidade de viver essa experiência com meu baby lindo Kaue é um privilegio que agradeço todos os dias.
Quem me conhece bem sabe que não há uma noite sequer que eu não diga eu te amo filho, boa noite e fica com Deus e o acarinhe lentamente antes que ele durma. É um carinho englobador, uma fala que não precisa de palavras, uma declaração de bem querer, um pertencer, um dar que é o mais belo receber que se pode experimentar...
Sou mãe.
Mas também sou pai.

Solange Maia com adaptações de Erika Ikuno

sábado, 10 de agosto de 2013

Não sendo parâmetro...


Eu não sou parâmetro para ninguém. Nasci excêntrica, cometo indecências sem o menor pudor e, desde que eu não invada o espaço de ninguém, vivo a minha vida como me convém. Trabalhar a minha espiritualidade ou exercitar diariamente o meu melhoramento como pessoa, não faz de mim uma pessoa meiga, doce, fofa. Nem me obriga a isto. Faz de mim mais compreensiva, mais amorosa. Meu temperamento é intempestivo, meu posicionamento no mundo faz com que eu viva numa eterna auto vigilância para não ser hostil. Eu me atiro, diariamente, de um pedestal imaginário que alguns me colocaram e isto é exaustivo. Sou um ser humano cheio de reformulações íntimas para fazer, de questões emocionais para resolver. Várias coisas eu consegui conquistar: a minha autoestima não é arrogância, é um perdão demorado que me dei para aprender a gostar e cuidar de cada detalhe que tenho: características, defeitos e qualidades. Sinto uma gratidão eterna pelo que me dão de afeto e afago, mas não escrevo para receber isto: é consequência. 
Portanto, venham os que quiserem, critiquem, amem ou deixem-me. Mas não se esqueçam que sou humana e tenho esta qualidade: de ter milhões de defeitos para me lapidar. 
O meu propósito primordial é simples: eu só estou aqui para escrever, para respirar. 

Marla de Queiroz


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Raízes...


Melhor me acostumar a não te perder. Se me despeço, então parto de mim. Gosto do teu gosto que oscila. Sempre estou ao teu reencontro. Perdemos tantas vezes. Obviedades não eram nossos caminhos comuns. Passamos muito longe. Andamos muito mais pelos desvios. Esquecer quem fomos não é anular quem somos. Esqueço vagarosamente cada um dos teus traços, a parte em que você é em mim não me separa. Qualquer um me olha, só você me vê de dentro para fora. Germinou-me. Teu amor é o meu fruto. Cresceu dentro de mim, tuas mãos são raízes.

Cáh Morandi


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mantra...


Eu me torno emocionalmente saudável quando consigo desconstruir todas as tolices sobre amores salva-vidas e jogar a ideia surreal do príncipe encantado no lixo. Eu me torno emocionalmente saudável quando acredito que namorar deve ser leve mesmo quando intenso, e divertido mesmo quando há um sério comprometimento. Eu me torno emocionalmente saudável quando o que me ocupa é a minha vida e não a reação que tenho ao comportamento alheio. Eu me torno emocionalmente saudável quando percebo que determinada história não me abrange, me deixa inadequada, fere a minha autoestima e sinto que isto é o suficiente para eu tentar ser feliz e me abrir para outras possibilidades. Eu me torno emocionalmente saudável quando escolho os meus parceiros pelo que me agregam de luz e crescimento, não pelo desafio que me trazem quando se mostram emocionalmente indisponíveis ou abertos para viverem outras relações que não a nossa. Eu me torno emocionalmente saudável quando me permito ficar sozinha até atrair um alguém que esteja disposto a trocar, desbravar paisagens juntos, que esteja inteiro no lugar que escolheu. Eu me torno emocionalmente saudável quando, estar ou não estar com alguém sexo-afetivamente, não se torna a prioridade da minha vida, mas somente um dos meus desejos. Eu me torno emocionalmente saudável quando aprendo a dar nome aos meus sentimentos: e não confundo posse com excitação, dependência com paixão, rejeição com confusão alheia... 


Eu me torno emocionalmente saudável quando dou amor, não carência.

Livrai-me do que desbota a minha lucidez e da alienação de achar que a felicidade está no Outro e não em mim. Que seja assim.

Marla de Queiroz


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Algumas coisas demoram...



Abasteço-me de imaginação, visualizo, e desejo muito que aconteça.
Mas algumas coisas não são assim.
Algumas coisas demoram.
Têm seu tempo certo para acontecer.
Por mais que me esforce, que corra atrás, esse tempo não vem. E passo dias repetidos com esse ‘vazio’, querendo tanto ver o que desejo existir.

Então, nesse intervalo, a gente descobre que cresce por dentro. Aprende a aceitar.
E uma coisa é certa, a vida também acontece nessa demora.
E, às vezes, já nem sou mais a mesma pessoa, embora continue imaginando, e desejando...
As coisas mudaram, e agora digo assim :
- Tá tudo bem 'coisa demorada', eu já aprendi a esperar você acontecer.

Solange Maia


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Os deuses...


Rubem Alves diz que os deuses não nos protegem do medo. Eles nos convidam à coragem.
Gosto tanto desse olhar... e tenho tido dias bem assim, com muitas mudanças, lugares e armadilhas emocionais sendo deixados para trás, coisas já sem sentido ou significado também, gente que não nutria... tudo de uma vez, ao mesmo tempo, como têm sido sempre.
E o medo está lá. Eu sei.
Mas nunca consegue ser maior que a mansidão que sinto nas pequenas (e muitas) alegrias que me cercam.
Minha coragem nasce desse reconhecimento : alegrias são possíveis mesmo na desordem, nos intervalos, nas dificuldades.
Aceito o convite dos deuses.
Aceito também essas mudanças todas. Acolho-as em mim.
Já faz tempo que aprendi a desobedecer o medo.


domingo, 4 de agosto de 2013

Minha essência...



Por algum momento eu quis acreditar que eu era quem você queria, mas me deu muito trabalho aparar todas as arestas que você me apontou. E, no final das contas, eu não estava mudando para mim, mas para você. 
Para quê? Sou eu quem escolho onde quero morar.
Minha essência é o meu lar.

Marla de Queiroz

sábado, 3 de agosto de 2013

De mim...


...Se o meu corpo amanhecer um pouco mais raso, eu não vou a lugar algum — não me espere, não me escreva. Volto quando der, quando o sorriso ficar maior. Lembro porque a memória precisa de retornos. Esqueço porque os lábios pedem um descanso. Oscilo porque tenho uma onda imensa revirando o mundo aqui dentro. Cometerei ecos para que me escutes, repetidas vezes, quando estiver faminto à beira de um abismo. Soltarei aquele abraço para que sintas a minha felicidade íngreme e o meu amor pelas coisas mais tortas. Mobilizarei a ausência e apagarei teu descaso. Serei a tua falta para que esqueças a tempestade mais antiga. Ausento-me enquanto sinto e sei que essa ligação não me levará a nada. Fico suficiente. Libertei inúmeros afagos no quarto. Se não me deixei ainda é porque não sei como fazer isso. 

De mim, espere apenas o que sou. O que estou vai passar. Já está passando...

Priscila Rodê


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Mãos são soberanas...


Qualquer música, qualquer som, qualquer ruído seriam intrusos.
O silêncio era o verbo.
Era nele que as coisas cabiam. Inteiras.
Aos olhos restava apenas o cerrar das pálpebras.
O momento era para imaginar. Sentir.

Nenhum outro recurso podia ser tão afrodisíaco.
De olhos fechados o amor tinha outra dimensão.
Enriquecia os sentidos.
Aumentava o coração.

Nessas horas as mãos são lentas, acolhem e ratificam.
São soberanas.


Solange Maia


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sobre nós...


Fiz questão de não te deixar ir embora. Porque você não tem o direito de falar tudo o que pensa sobre mim e sair me causando tanto amor. Não sem antes saber que eu também te amo com intensidade igual.

Não, você não tem o direito de ser tão doce sem que eu te experimente. E nem de desaparecer sem me levar junto. Nem de caminhar sozinho uma estrada que sempre foi nossa, ou de comer o brigadeiro que foi feito pra duas colheres.

Moço, você existe em mim mais do que em palavras.
Acredite.
Haverá tempo.
Haverá música pra nos ninar.
Haveremos.

Wanderly Frota


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